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Sou uma contadora de histórias. E você? Escreve pra mim! vanebueno7@gmail.com

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

A paixão foi sem querer

Aniversário de amiga casada tornou-se difícil para mim. Sou uma das únicas que não está planejando o primeiro filho, ou o segundo. Muito menos uma segunda lua-de- mel. Do que deveríamos conversar então? Trabalho? Este tópico virou secundário na vida delas. Algumas os têm, outras abriram mão para seguir o marido em uma promoção para a cidadezinha do interior. Costumava não ligar para isso, mas agora me dói. Onde eu estava enquanto elas conquistavam seus maridos? Ah, sim. Ocupadíssima tentando me tornar cidadã do mundo. E agora onde estou?

Estou no meio de um turbilhão de emoções tentando dar mais ouvidos para as minhas vozes internas do que para as pessoas a minha volta. Tentando ser o mais irresponsável possível para viver o que realmente sinto. Mas será mesmo que isso é possível nesta altura da vida. Será que posso ser egoísta?Já li inúmeras histórias de pessoas que largaram o trabalho para se dedicar ao que gostam. O César, por exemplo, largou o trabalho burocrático em um banco para ser feliz como fotógrafo. Eu não o conheci antes, mas posso garantir que seus olhos brilham quando ele fala sobre fotografia. Outros largaram tudo para viver um grande amor. O meu pai mesmo é um deles. Ele deixou um casamento de 32 anos para se entregar a um novo amor. O João também rompeu um matrimônio de três décadas, mas para assumir a homossexualidade.

Sou a favor disso mesmo. Um brinde aos que conseguem romper com o sensato e fazer o que realmente lhes dá prazer. Dane-se a sociedade. Danem-se os outros. Uma salva de palmas aos que conseguem sair do trabalho no horário certo (sem culpa), que aceitam os filhos de volta, que decidem levar uma gravidez (não planejada) a adiante, que vencem o luto, que amam sem medida, que assumem suas paixões.

Já quis muito me apaixonar. Tinha até uma lista mental dos pré-requisitos que o pretendente deveria ter. Fui apresentada aos amigos dos amigos, arrisquei encontros pela internet, até uma chance para o vizinho apaixonado da adolescência eu dei. Nada funcionou. Vivia por aí desencanada. Afinal, tinha total controle do que eu sentia. Agora, o caos se instalou. A lista de pré-requisitos desapareceu e eu não sei o que fazer. Quer dizer, sei sim. Que me desculpem os envolvidos, mas a paixão foi sem querer.

segunda-feira, 16 de novembro de 2009

Mariana é como todas as outras


Mariana apaixonada é um desastre. Tagarela sem cessar e carrega um sorriso irritantemente feliz. Vira adolescente, esquece da vida. Lê 50 vezes o mesmo e-mail. Checa as mensagens mais 50. Mariana apaixonada nega até a morte. Quando está em grupo é a mais quieta de todas. Se falar, vai se entregar. Mariana apaixonada concorda com tudo. Perde o apetite e volta a correr. Compra lingeries novas, pinta as unhas de vermelho, lembra de usar filtro solar e confessa saudade de 5 em 5 minutos. Mariana apaixonada não presta atenção em palestras, tropeça na rua e canta no chuveiro. Chora vendo filme romântico e ouve Elton John. Mariana apaixonada atravessa a rua correndo, mexe sem parar no cabelo e inventa teorias sobre a vida em uma mesa de bar. Mariana apaixonada é engraçada, ousada, insegura... Uma doce idiota. Mariana, apaixonada, é como todas as outras. Mulher.

domingo, 8 de novembro de 2009

A velocidade das coisas

Dois livros em quatro dias e a euforia me tirou o sono. Vivi dias intensos. Foi um misto de ansiedade, pela reação das pessoas, e vaidade, pela coragem de me expor. Escritora estreante tem lá seus medos.
-Será que vão gostar?
- Melhor nem ler novamente para não achar erros. (As vozes internas estavam a mil).
Mas, entre uma insegurança e outra, chego ao final do domingo orgulhosa de mim. No começo não sabia direito o que escrever no autógrafo e, muito menos, como assinar. Vanessa Bueno me pareceu tão formal para um livro de crônicas que muito tem de minha intimidade. E lá parti eu para a minha assinatura habitual: com um beijo da Vá.
Na escola, sempre que perguntavam meu apelido e eu respondia Vá, imediatamente ouvia: Vá aonde?
Achei a resposta: Onde o coração me levar. Nossa, isso parece meio brega. A Leca diria que sim. Agora dei para ser brega. Ou já era e não percebia. Não importa. O que importa mesmo é a decisão, tomada há alguns dias, de seguir a voz do coração.
Foi ela que me disse para recusar o convite para assumir uma assessoria de imprensa. Foi ela que me disse para aceitar o convite para um chope na Paulista. Ah, a Paulista. Caminhei nesta imponente avenida por estes dias. Sinto um inexplicável prazer quando passeio por suas calçadas. Algo como uma liberdade desafiadora. Um convite para desbravar o mundo. E as pessoas que transitam por lá têm muito disso. Seus rostos denunciam a origem de várias partes do Brasil, quiçá do mundo. Parecem em busca de um algo a mais. Os passos apressados denunciam que em São Paulo a velocidade é outra.
Até a velocidade com que o garçom repõe o chope na mesa é outra. Você nem precisa pedir: antes de tomar os últimos dois dedos da bebida que está em seu copo, o camarada do bar chega com um chope novinho em folha para repor. É uma espécie de ‘mimo’, que os paulistas desenvolveram para driblar a concorrência acirrada da cidade. Considerando que sou fã assumida de botecos, concordo plenamente com a atitude.
Os gestos de atenção também me dispertaram para um ‘encantamento’, manifestado a partir de uma conversa (despretensiosa) no avião outro dia. E mais uma vez lá vêm as vozes internas interferirem na paz da minha consciência.
- Escreve para ele.
- Mas...
- Não é você que quer seguir a voz do coração?

segunda-feira, 2 de novembro de 2009