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Sou uma contadora de histórias. E você? Escreve pra mim! vanebueno7@gmail.com

domingo, 31 de janeiro de 2010

Volta e vai de novo!

É a primeira vez que eu vejo um personagem do George Clooney se dar mal e terminar mal em um filme. Hahahaha, adorei. Ele, que se acha tão esperto por conseguir manter relações casuais sem se abalar, é enganado por uma mulher casada. E ela nem se arrepende no final. Liga reafirmando que ele é apenas um parênteses em sua vida (no caso do Clooney um parênteses bem interessante) e que, se ele quiser ter bons momentos, ligue para ela. Mas só nesse caso.
Como o Verissimo já havia dito, o Clooney está ótimo em Amor sem Escalas. Ai, mas eu não gostei do fim. Ele se entrega. Entrega-se à vidinha morna das relações casuais. Não! Não pode ser assim. Não vai sofrer mais, mas também não terá emoções intensas. Ah não, não quero. Prefiro morrer chorando a aceitar uma vida morna.
- Volta e vai de novo, ora bolas.
Tenho escutado essa frase há alguns dias. Tudo porque eu não consigo entrar reto na garagem. E lá vai o instrutor a dizer uma, duas, três vezes: -Volta e vai de novo! Vamos combinar que mulher poderia ser dispensada da baliza na prova de direção. Na vida real vai ser algo parecido com isso mesmo. Tá, mas se não tiver alguém para estacionar por mim? E se a única vaga disponível for entre dois carros? Não adianta, tem coisas das quais não podemos fugir a vida inteira. Baliza parece que é uma delas.
O mesmo vale para as decepções amorosas. Eu sei que não é tão simples assim. Às vezes o cérebro bloqueia mesmo. Algo como o instinto de preservação. Daí é só o cara dizer uma frasezinha igual às que aquele sacana do seu primeiro namorado dizia que a coisa desanda. O meu vivia dizendo que amou a fulana, mas que a mim não conseguia amar. Toda vez que alguém me diz que tem dificuldades para se entregar ao amor, isso me vem à cabeça. Ah, qual é. A vida não pode se resumir a uma única tentativa.
- Volta e vai de novo.
Não é assim com os bebês quando estão aprendendo a caminhar?
Como diria o meu instrutor da autoescola: -Se tu estás vendo que pela direita não dá, vira para a esquerda.

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

O GRITO

Esse texto aí embaixo não é meu, é da Martha Medeiros. Como achei muito bom, reproduzo aqui.

Não sei o que está acontecendo comigo, diz a paciente para o psiquiatra.

Ela sabe.
Não sei se gosto mesmo da minha namorada, diz um amigo para outro.
Ele sabe.
Não sei se quero continuar com a vida que tenho, pensamos em silêncio.
Sabemos, sim.
Sabemos tudo o que sentimos porque algo dentro de nós grita. Tentamos abafar esse grito com conversas tolas, elucubrações, esoterismo, leituras dinâmicas, namoros virtuais, mas não importa o método que iremos utilizar para procurar uma verdade que se encaixe em nossos planos: será infrutífero. A verdade já está dentro, a verdade se impõe, fala mais alto que nós, ela grita.
Sabemos se amamos ou não alguém, mesmo que esteja escrito que é um amor que não serve, que nos rejeita, um amor que não vai resultar em nada. Costumamos desviar esse amor para outro amor, um amor aceitável, fácil, sereno. Podemos dar todas as provas ao mundo de que não amamos uma pessoa e amamos outra, mas sabemos, lá dentro, quem é que está no controle.
A verdade grita. Provoca febre, salta aos olhos, desenvolve úlceras. Nosso corpo é a casa da verdade, lá de dentro vêm todas as informações que passarão por uma triagem particular: algumas verdades a gente deixa sair, outras a gente aprisiona e finge esquecer. Mas há uma verdade única : ninguém tem dúvida sobre si mesmo.
Podemos passar anos nos dedicando a um emprego sabendo que ele não nos trará recompensa emocional. Podemos conviver com uma pessoa mesmo sabendo que ela não merece confiança. Fazemos essas escolhas por serem as mais sensatas ou práticas, mas nem sempre elas estão de acordo com os gritos de dentro, aquelas vozes que dizem: vá por este caminho, se preferir, mas você nasceu para o caminho oposto. Até mesmo a felicidade, tão propagada, pode ser uma opção contrária ao que intimamente desejamos. Você cumpre o ritual todinho, faz tudo como o esperado, e é feliz, puxa, como é feliz.
E o grito lá dentro: mas você não queria ser feliz, queria viver!

domingo, 24 de janeiro de 2010

Homem não se divide

Já tentei, mas não consigo entender qual o prazer que os homens têm em manter mais de um relacionamento ao mesmo tempo. Sabe aquela história, meu casamento já não vai bem faz tempo...
Tá, eu até acredito que isso aconteça mesmo. Não é mentira que o sexo já não é bom, que cada um se deita em um sofá à noite e o único som que se ouve é o da televisão. A conversa há muito se resume a filhos, contas e supermercado.
O homem, sem muito o que fazer em casa, vai para a internet. Lá, encontra um mundo sem fim de possibilidades e se perde. Conhece gente de diversos tipos e lugares. Marca encontros, só para dar uma animadinha na vida, já que o casamento está morno. Ele até pensa em se separar, mas foi tão difícil construir um patrimônio, os filhos acreditam em família feliz, a mulher lhe é fiel, cuida bem da casa. E se ele não encontrar alguém assim?
A vida segue. Acostumado a trair, a culpa já nem lhe pesa mais. Para a esposa não desconfiar, ele a enche de mimos e oferece viagens. Pronto, é um marido exemplar. Trabalha muito, desculpa para conseguir passar o sábado inteiro com a outra. Como recompensa pela compreensão da cônjuge, a leva para viajar na semana seguinte. Quando procurado na cama, diz que está com a cabeça cheia de preocupações e vira para o lado.
Até o dia em que ele se apaixona de verdade, cria coragem e começa a dar sinais em casa. Está certo de que desta vez vai conseguir. Sabe que está na hora de dar uma virada em sua vida, afinal está perto dos 50. Vai só esperar passar as festas de fim de ano.
Férias com a família, harmonia total. Ele se sente culpado por ter tido tais ideias. Começa a se distanciar da outra. Mas, a essa altura, já não controla mais a saudade. O jeito é retomar os casinhos, pra ver se esquece. Não vai mas se separar, não consegue. Faz novas juras de amor, desta vez para as outras. Fala eu te amo com a mesma facilidade com que diz bom dia, precisa esquecer aquela.
As mentiras aumentam. Não sabe mais o que faze para manter tantas mulheres envolvidas e sem desconfiar umas das outras. E é aquela, justamente aquela de quem ele realmente gosta, que o descobre cafajeste. Desconcertada com o flagrante, ela o revela. Sabe que nada vai mudar. Ele vai contar mais algumas mentiras e, em algumas semanas, no máximo um mês, a vidinha morna volta ao normal. Alguns e-mails com palavras doces e os casinhos são retomados. Alguns presentes e viagens, e a esposa o aceita de volta em sua cama. Em seu peito resta o vazio deixado por aquela quem ele realmente quis ao seu lado.
É, sigo acreditando em uma única verdade: Homem não se divide!