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sábado, 31 de outubro de 2009

Entre o passado e o futuro


Já repararam como nossas mentes insistem em pular para frente ou para trás nossos pensamentos? As danadas nos fazem acreditar que os anos da adolescência é que foram bons, ou que seremos mais felizes em 2015. Neste tempo já teremos emagrecido, comprado um apartamento, casado, talvez já tenhamos o primeiro filho. Mas, e o hoje?

Por quê será que é tão difícil concentrar no hoje e aproveitar o que a vida nos apresenta? Estamos sempre condicionados a algo para sermos felizes. Quando eu me formar, quando eu me casar, quando tiver aumento de salário...Comigo sempre foi assim. Tinha o sonho de me tornar jornalista, de morar em São Paulo, de estudar no exterior...Foi exatamente depois de atingir esses objetivos que me perdi.

Não se ocupando mais do futuro, minha mente buscou refúgio no passado. O problema é que o passado estava cheio de presentes não vividos. O jeito foi aprender a viver no momento atual. Não demorou muito e percebi que o foco estava todo voltado ao trabalho. Tudo bem que amo o jornalismo, mas isto não pode ser tudo. Imagina como foi ficar três meses desempregada? No início o fim do mundo. Não sabia o que fazer para preencher o tempo. Depois ficou bom. Serviu para ampliar o foco.

Decidi passar a minha vida por uma espécie de 5 S’s. Primeiro olhei para o fim de semana. Em tempos passados, metade dele era ocupado por trabalho. Mas, sem trabalho, pareciam tão vazios. O que deveria eu fazer com todas aquelas horas que separavam a sexta-feira da segunda? Cheguei a me tornar amiga da televisão, passava horas zapeando atrás de filmes e programas interessantes. Mas nossa amizade durou pouco. Minha alma pedia mais. Mas o que? Diversão, a alma pedia diversão. Ah, sim. E amor também.

- Há quanto tempo não amamos de verdade? Pergunta uma de minhas vozes internas. Sim, elas se incluem na conversa.

- Sei lá, estava ocupada demais tentando ser uma profissional bem-sucedida.

Na verdade, na tentativa de ‘ser como todo mundo’ e ter um par, saí por aí tentando ‘encaixar’ com alguém. Só que amor não se encaixa. Outro dia ouvi de um amigo: “Não consigo ficar sozinho, estou sempre apostando em alguém.”

- Hum, como assim apostar? Essa que questiona é, de novo, minha voz interna.

- Deve ser algo como aquele trabalho que aceitamos só pelo salário, mas não temos muita empolgação em levantar da cama todos os dias para ir até lá.

- Sendo assim, ele está apostando só para não ficar sozinho?

- Acho que sim.

- Mas assim é trocar um problema pelo outro.

- Tá bom, tenho que concordar com você desta vez.

O jeito é seguir conhecendo pessoas, estabelecendo relações e vínculos afetivos aqui e ali. Algo como quando trocamos de curso na faculdade. Chega um dia em que sentimos prazer em assistir as aulas. O sinal de que precisávamos para justificar nossa escolha e seguir em frente.

- Avisa que você está em busca do sinal amoroso. (voz interna)

- Ai, que mico escrever isso aqui. Fica quieta, me deixa terminar o raciocínio.

- Hum, fazendo pose de auto-suficiente. Pensa que estar sozinha lhe basta.

- Não quero parecer desesperada.

- Vai parecer se não falar...

- OK, você venceu. Hei, amor. Estou aqui viu, só para lembrar. Agora deixa eu ir lá que o fim de semana está começando e preciso me divertir.