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Sou uma contadora de histórias. E você? Escreve pra mim! vanebueno7@gmail.com

sexta-feira, 26 de junho de 2009

O ócio criativo


Uso o título do livro de Domenico De Masi para falar de meu ócio (forçado) que se tornou criativo. Mais uma vítima da crise, ou de minhas escolhas, estou sem emprego.
Acontece que, enquanto espero, uma ansiedade insiste em chegar. Para não descontá-la na comida, porque depois terei de correr atrás do prejuízo, decidi descontar nas palavras. Putz, descobriram o motivo da criação desse blog. Brincadeira. Quer dizer, quase verdade.
A ideia do blog já existia, faltava era vontade, ou sobrava preguiça. O fato é que esse espaço nasceu a partir da minha participação na oficina literária de crônicas, do redemoinho de dúvidas em que me encontro e da minha falta do que fazer.
Agora, me falta é tempo. Outro dia, fiz um texto em homenagem a um amigo. A repercussão foi tão boa, que surgiu a encomenda de um trabalho. Pronto, a inércia deu lugar à criatividade. Daí surgiram mais convites, concursos, encontros com pessoas aqui e ali. Dinheiro, propriamente dito, ainda não. Mas tenho fé. Tão pouco perdi quilos, mas também não ganhei.
O que ganhei foram muitas horas de leitura. Sabe aquela frustração por não poder comprar um livro por ser muito caro? Também acabou. Agora tenho tempo para me sentar lá nas poltronas confortáveis da Cultura e ler o que quiser. Hoje foi assim. Voltava da terapia e decidi dar uma passadinha para saber das novidades. Escolhi “As cem melhores crônicas”. De lá, tirei a inspiração para o texto que vos escrevo.
Por falar em inspiração, de onde será que o Michael Jackson tirava tanta? Ele sempre contava histórias fascinantes em suas letras. E aquelas danças? Eu e a Jú adorávamos o "Triller". Quando uma de nós acordava meio chateadinha, já vinha a outra com o clip. E o dia começava bem.
E agora estou encontrando respostas para a pergunta que tem pairado no ar nos últimos tempos.
– Mas o que, afinal, os jornalistas estudam na faculdade?
Olha, só posso dizer que a faculdade, seja ela do que for, é uma fábrica de ideias. Nos tira do ócio e ainda nos dá amigos. Amigos que depois se tornam nossos leitores. E aí vai o meu muito obrigada pelas manifestações aqui no blog, via e-mail ou pelo orkut!
Agora quero pedir que aproveitem os minutos de ócio que os trazem aqui e mandem sugestões de assuntos. Pode ser?

domingo, 21 de junho de 2009

Cumplicidade de alcova

A passagem do Dia dos Namorados me fez ler inúmeras pesquisas feitas aqui e ali sobre o fato de existirem mais mulheres solteiras do que homens. Li até sobre o fato de que na verdade o número de moçoilos sem par é maior. O problema é que, ainda segundo as pesquisas, as mulheres são muito exigentes.
Pois eu aposto na cumplicidade de alcova. Digo que o que faz uma mulher gamar ou não num homem não é o carro ou a conta bancária dele. Afirmo com toda a minha fé que o que prende uma mulher é “cama”.
Sexo é importante, claro. Mas as preliminares...fundamentais. Aqueles homens que agem no ímpeto, sabe? Chegam agarrando sem perguntar e já vão tirando o brinquedinho para fora, perdem metade dos pontos.
Mulher gosta de ser seduzida. Quer sexo oral feito sem pressa. Na cama, quer ser puta e não princesinha. Mas também quer conversar antes de dormir. Tem que ter cafuné e café na cama.
Parece que ultimamente os homens não têm muita paciência. Nem prestam atenção se a mulher diz que não quer transar porque não se depilou. Aí vai um aviso importante: Não adianta forçar. Nenhuma fêmea vai para a cama, pela primeira vez, sem estar depilada. Se mesmo assim ela for, não será bom.
A Mariana passou por essa outro dia. Diz ela que “deu” só para se livrar do cara. E ele ainda comentou algo sobre tirar a puta da zona. Não!!!! Não queremos ser tiradas da zona. Não nessa hora.
Gostamos mesmo de homens que nos prendem ao seu lado sem conseguirmos explicar exatamente o porquê. Se casamos com eles? Isso já é papo para outra crônica!

PS: O Carpinejar leu esse texto antes de ele vir parar aqui, e o acusou de ultrapassado. Diz ele que homens sempre foram ansiosos. Confesso que enxergo ao contrário. Enxergo mulheres capazes de qualquer coisa para ter um bofe do lado.
Opiniões?

segunda-feira, 15 de junho de 2009

Perdi a vergonha


“Dentro de mim não é mais um bom lugar para se viver”. Esse é o título de um dos versos da poeta carioca Maria Rezende. Ele integra o livro Bendita Palavra. Achei próprio para falar da fase em que me encontro. Dentro de mim, atualmente, acontece uma faxina.
Minhas vozes internas estão de bunda para cima vasculhando o passado.
A todo o momento, jogam coisas lá de dentro, gritando:
-Isso não queremos mais!
- Mas...inicio eu numa tentativa de contra-argumentação
De nada adianta. Elas são teimosas.
- Agora nós damos as cartas por aqui, declaram com um risinho sarcástico.
Tem gente que não está gostando muito. Meu pai, por exemplo.
Bom, aí vão as minhas desculpas sinceras. Não há nada que eu possa fazer para impedi-las.
A primeira coisa que as danadas fizeram foi empurrar a vergonha para fora. Nunca mais tive notícias. Fora alguns sincericídios que cometi por aí, tenho passado bem sem ela.
É tão mais fácil agir sem pensar trocentas vezes se devo ou não tomar determinada atitude. Basta consultá-las que a resposta chega via expresso.
Outro dia, no sarau elétrico, pediram leitores voluntários. Não tive dúvida.
Com uma coragem que me orgulhou, declamei alguns poemas.
Depois, o tema era piada. De novo fiz a frente.
Confesso que não tive muito sucesso. Poucas pessoas riram, e as maças do meu rosto mais se pareciam com tomates. Quem se divertiu foram minhas vozes internas.
Sim, tem momentos em que quero matá-las. Mas esse sentimento só dura alguns segundos. Depois, consigo rir de mim mesma.
Ta aí, perdi a vergonha, mas encontrei o caminho para o bom-humor!

domingo, 14 de junho de 2009

O chato


Já tive namorado ciumento, malandro, pouco esclarecido, mas o pior de todos foi o chato. Esclareço que eu só tinha 16 anos quando comecei a namorar ele, talvez tenha sido essa a dificuldade em identificar a chatice logo de cara, creio eu.

O moço tinha 26 anos, estudava odonto na UFRGS, eu o achava lindo, e ele ainda ouvia meus assuntos sobre política, o que mais eu podia querer?
Chatos mesmo eram os meus colegas de turma, que corriam atrás de mim no recreio tentando me beijar.

A primeira vez que ele manifestou "o problema" foi durante um filme que assistíamos em minha casa. O mala apropriou-se do controle remoto e resolveu nos explicar, a minhas amigas e eu, cada cena do filme. Na primeira vez que ele fez isso achamos que era brincadeira.Já na terceira, as meninas perderam a paciência e foram para casa alegando estarem atrasadas para um compromisso inadiável.

Minha paixão era tanta que eu interpretei o gesto como um carinho. Mas o problema é que ele não explicava somente filmes. Não demorou muito e ele começou a comentar os tratamentos dentários que fazia. Mais, ele demonstrava (na minha boca) em qualquer lugar que nos encontrássemos> Leia-se qualquer lugar como: shopping, boate, casa da família, motel, etc...
Quando comecei a estudar jornalismo então, tudo era motivo para uma boa matéria. E lá vinha mais explicação.

O que a gente não faz por amor? Só não sei por amor a ele ou falta de amor a mim.

Por ele, comecei a ler Paulo Coelho, juro que nunca havia lido até então. Ele tinha uma coleção dos livros do autor, que não emprestava para ninguém, nem para mim. Eu só podia ler quando estivesse em seu apartamento.

Por favor, não me julguem. Dizem por aí que o amor é cego, não é?

Mas a cegueira acabou em um lindo dia de sol. Não, estava chovendo. Voltávamos de Gramado. Ele vinha exclamando mais chatices no meu ouvido. Meus pensamentos estavam longe dali.
- Que acha de chegarmos em casa e fazermos sexo enlouquecidamente?, perguntei eu ao ser advertida por minha falta de atenção.
- Você não estava prestando atenção no que eu dizia?
- Não, exclamei eu, numa sinceridade impetuosa.

Ele parou o carro com força e começou um sermão que durou uns cinco minutos, os mais longos de minha vida.
Naquele dia, fui advertida por propor sexo selvagem no meio de uma explicação sobre física quântica. Eca!
Não reclamei. A única coisa que conseguia fazer era procurar dentro de mim o motivo que me levara a suportá-lo nos últimos três anos.

Acontece que, quando nos conhecemos, eu tinha acabado de me filiar ao PT. Ele era o único que me ouvia falar sobre o orçamento participativo pacientemente e ainda fazia perguntas. Coisa que nenhum menino da minha idade topou.
Hum, parece que temos uma pista...
Sim, é por aí.
Dias depois de me separar do mala, fui até o partido.
Mais um relacionamento chegara ao fim!

sexta-feira, 12 de junho de 2009

Crônica da mulher solteira


Outro dia, fiz uma super descoberta numa dessas reuniões de amigas solteiras. Conversávamos, como sempre, sobre homens, profissão, homens, academia, divertimento, homens...quando percebi que a grande fantasia feminina hoje é nada menos do que um “marido”. Daqueles bem tradicionais que ajudam a cuidar das crianças, fazem churrasco aos domingos, e precisam ser lembrados de cortar as unhas dos pés. Sim, as unhas dos pés.
Segundo o poeta Carpinejar, o gesto é a maior prova da fidelidade masculina.
-Homem que não se importa em furar as meias, não anda passeando por motéis, defende ele.
Até um dado momento, a conversa seguia num tom quente e ousado. Todas prestávamos atenção na história da amiga que experimentara um negão. Contava ela que saiu para dançar samba. Lá, encontrou o José (vou chamá-lo assim). Algumas de nós nem piscavam, prestando atenção nos detalhes da noite de sexo selvagem da Mariana com o Deus de ébano, como ela prórpia o definiu.
Pelo meio da história, a Greici chegou.
-Desculpem o atraso, é que falta pouco mais de um mês para o meu casamento e estava finalizando algumas questões da festa.
Imediatamente após esse pronunciamento, todas esqueceram das peripécias da Mariana e voltaram seus olhares para a noivinha que acabara de chegar, começando os interrogatórios.
Queriam saber tudo sobre o noivo, sobre a cerimônia, como se conheceram...uma pergunta levava a outra e a conversa invadiu a madrugada.
- Nos conhecemos na internet, confidenciou ela.
- Ai, conta mais. Precisamos nos espelhar em cases de sucesso, dizia uma.
- Eu tenho medo de encontros marcados pel internet, comentava a outra.
Por falar em medo. Quais são os seus?
O Paulo veio com essa outro dia. Diz ele que tem medo de amar. Sua meta agora é dar a volta ao mundo pelo sexo. Quando conhece uma menina, a primeira pergunta não é o nome dela, e sim a nacionalidade.
Questiono: Vale dupla cidadania?
...E os negões que me desculpem, mas a maior fantasia feninina é o casamento.
Hum...e se for um marido negão?


segunda-feira, 8 de junho de 2009

Canecas e afins

Por mais que a gente se dê, tudo tem um limite. Demorei, mas descobri o meu.
Cresci praticamente como gêmea da minha irmã dois anos mais velha. Tudo era compartilhado em casa. Acontece que isso me foi imposto, não tinha ideia de como seria agir diferente, ter individualidade, roupas só minhas. Até cheguei a fingir segredos e esconder objetos preferidos para não ter que dividir. Mas isso me cansava muito.
Quando fui morar com a Juliana percebi o quanto a falta de privacidade me irritava.
Minha colega de apartamento adorava dividir praticamente tudo. Xampus, roupas, maquiagens, amigos, namorados não (porque eu não quis). No início, achei legal não ter que colocar meu nome nas uvas ou iogurtes preferidos. Compartilhávamos os gostos.
Tudo seguiu tranqüilamente até o dia em que ela achou que poderia usar minha caneca também. Tínhamos cerca de dez em casa, nove eram dela. Mas ela só gostava de uma, a minha. E a cena se repetia, um café atrás do outro.
Achava que seria egoísmo de minha parte reclamar com ela. Por isso, quando estávamos no supermercado comprando os condimentos para o café, já montava a estratégia na minha cabeça. Chegaria em casa e me encarregaria de preparar os líquidos. Mas sempre acontecia de um telefone tocar bem na hora, ou uma dor de barriga me empurrar para o banheiro. Quando voltava, lá estava ela aquecendo as mãos na minha caneca.
Até que, tomada de raiva por vê-la saborear um café com leite e conseguir enxergar até um risinho no canto de sua boca, falei:
- Chega!
Nesse dia, dormi tranqüila.
Estava estabelecido, meu limite era a caneca.

quarta-feira, 3 de junho de 2009

O tempo não pára!


Desastres de avião como o do AirBus 330, ocorrido na última segunda-feira, sempre nos fazem parar para pensar no tempo que desperdiçamos sendo quem não queremos ser. Certa vez, entrevistei a psicóloga Carolina Chem, filha e irmã da família de gaúchos que seguia em direção à França. Dizia ela que é comum as pessoas encararem a vida de forma diferente após tratar um câncer, ou passar por alguma perda familiar.

“É meio parecido com o processo que muitos de nós vivem a cada início de ano, quando estabelecemos novas metas e planos. As pessoas sentem na pele que não são eternas, que também a existência tem limites. Assim, repensam atos e, muitas vezes, sentem-se mais livres para ousar”, explicou. Imagino que ela esteja passando por esse dilema.

Seria tão mais fácil se nascêssemos com a informação exata do dia em que deixaremos esse planeta. Assim, os planos poderiam ser mais bem arquitetados. Ou morreríamos de ansiedade anos antes. Como saber?

Deixo aqui registrada a minha solidariedade aos familiares dos 228 passageiros que estavam a bordo do avião da Air France. Um abraço especial aos parentes e amigos do Dr. Roberto Chem, chefe do serviço de cirurgia plástica da Santa Casa de Porto Alegre, com quem tive o prazer de conviver durante os anos em que lá trabalhei. Pessoa de extrema competência e liderança, fundador do primeiro Banco de Pele da América Latina. Que descanse em paz!