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Sou uma contadora de histórias. E você? Escreve pra mim! vanebueno7@gmail.com

sábado, 30 de maio de 2009

Diferencial competitivo


Vamos combinar que, antes mesmo de o mundo entrar em crise, as mulheres de Quase 30 já passavam pelo infortúnio. Morar em uma cidade com um maior número de mulheres, onde quase todas são magras, loiras e lindas, ter 29 anos e não estar namorando, então, é crise na certa. Eis onde me encontro.
Quando estava fora do Estado, sempre que comentava que sou gaúcha, ouvia a pergunta:
- Como pode ser gaúcha se não é loira?
Tá, aí vai uma informaçãozinha básica sobre o Rio Grande do Sul: Aqui tem mesmo uma grande quantidade de mulheres loiras, resultado da imigração Alemã. Mas também tem descendentes de portugueses e espanhóis. Vê, é possível que eu, morena clara, seja gaúcha.
Havia me esquecido que elas existem aos montes por aqui. É só sair na noite de Porto Alegre, mais precisamente pelos lados da “Calçada da fama” para se constatar o fato. Elas surgem uma atrás da outra, uma mais linda que a outra. Nossa! Chega a ser desleal a competição.
Decidi trabalhar com a teoria de que em terra de mulheres magras e loiras, morenas gostosas (como passei a me definir depois que ganhei uns quilinhos), são um diferencial competitivo. Como minha teoria ainda não se confirmou, pelo menos não comigo, vamos a um case de sucesso:
A irmã do meu amigo, uma morena jambo lindíssima, estava cansada de competir por aqui. Na casa dos 30 e poucos, decidiu arrumar suas coisas e partir, de mala e cuia, para Dublin/Irlanda. Lá, a concentração de loiras por metro quadrado é ainda maior. Mas foi exatamente aí que ela se deu bem.
Como todo e qualquer brasileiro que vai morar no exterior e não tem pai rico para bancar, ela foi à luta e descolou um emprego como diarista. Já no primeiro dia de trabalho, a supervaidosa irmã do meu amigo, não pôde exercer seu novo ofício. Acontece que o contratante, um irlandês nato, apaixonou-se por sua morenice e, simplesmente, não a deixou tocar em nenhum produto de limpeza.
Saíram para jantar, passearam pela cidade, e no mês seguinte ela conheceu sua família. Parece que se preparam para o casamento. Ele quer ter dois filhos e visitar o Brasil no carnaval.
Sabia que a minha teoria tinha fundamento!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Os homens e o futebol


Passei a duvidar de amores fulminantes, desses que nascem em uma semana. Vira e mexe, escuto um novo caso. A Juliana sempre dizia:
-Essas relações que começam de uma hora para outra sempre terminam mal. Cheguei a pensar que ela estava na verdade com uma pontinha de inveja por não ter sido com ela. Mas agora percebo que ela estava certa.
Eu mesma já fui vítima, ou algoz (nunca somos 100% vítimas), de um amor fulminante.
Eh mais fácil acreditar em palavras doces do que encarar a realidade. Mas quando as histórias começam a se repetir, nos forçamos a analisar a situação. Não é possível que todos estejam errados e eu certa, a menos que meu nome fosse Simão Bacamarte, personagem de Machado de Assis que interna toda a população de uma cidade por achar que estavam loucos. Como esse não é o caso, analisemos:
Conheci um homem lindo tomando café no posto. Ele falou algumas trivialidades. Entendi como um sinal para sentar ao seu lado na mesa. Conversamos por 10 minutos, nada além. Ele ficou com meu telefone, ligaria para saber como foi a peça de teatro que eu estava indo assistir. Não ligou.
Nos encontramos então, totalmente por acaso, no restaurante próximo a rua em que trabalhamos. Nesse dia, ele aproveitou para perguntar do espetáculo e me convidar para jantar. Ocorre que o dia do jantar coincidia com a data em que a seleção brasileira jogaria na cidade. Minha primeira reação foi pensar que ele cancelaria o encontro tão logo percebesse a “infeliz” coincidência. Não o fez. Depois pensei que ele me convidaria para assistir ao jogo em algum pub da capital. Também não.
Minha super sinceridade me obrigou a perguntar se ele tinha se dado conta do fato, já nos primeiros minutos em que embarquei no seu carro. Para minha surpresa, ele disse que eu era mais importante do que o jogo da seleção.
-Hum, que legal. Respondi, com um sorrisinho amarelo.
Era a terceira vez que ele me via e eu já despertara tamanho interesse? Não estava muito convencida da veracidade daquela informação. Após um longo jantar romântico, o moço, que não perguntou sobre o placar do jogo ao garçom nenhuma vez, me convidou para um fim de semana na serra.
- Ops...que rápido, pensei com meus botões. Imediatamente uma daquelas vozes internas, sabe aquelas?, me perguntou o que eu tinha a perder.
- Afinal, já está com quase 30 e ainda não casou. Lembre-se disso, gritava a tal lá de dentro.
- Hum, boa ideia, respondi ao candidato.
- Então venha trabalhar com suas coisas amanhã, te apanho no final do expediente, dormimos lá em casa e partimos no outro dia bem cedo. Assim mesmo, como alguém que combina uma reunião de negócios, ou uma praia com o amigo de infância.
Mas, como eu não conseguiria ir, propus algumas mudanças nos planos, que ele aceitou na hora. Mesmo assim minha memória chegou ao final do domingo com frases do tipo: Eu te amo muito; Tenho uma namorada linda (eu); Prepara-se porque comigo tu vais emagrecer, vamos fazer sexo três vezes ao dia.
Quando deitei a cabeça no travesseiro, os pensamentos não me deixavam. Mas será que é isso mesmo que eu quero? Ele nem me perguntou se eu quero ser namorada dele, ou se desejo emagrecer? Onde está escrito que eu quero fazer sexo três vezes ao dia? Em que momento eu disse algo que o levasse a supor tudo isso?
Mas agora eu tinha um namorado, não precisava mais ter de pensar em respostas criativas para perguntas do tipo: Por quê uma moça tão bonita e inteligente não tem namorado?
Na semana seguinte o discurso já tinha mudado completamente e mais um namoro relâmpago acabado.
Segue um aviso aos pretendentes de plantão: Liguei o sinal de alerta. Não acredito mais em paixões repentinas, sexo três vezes ao dia e, principalmente, em homens que não perguntam o placar do jogo ao garçom.

Todos no mesmo barco




Recentemente assisti a uma palestra sobre bullying. O vereador de Porto Alegre, Mauro Zacher, lançou um projeto de lei que dispões sobre a política municipal anti-bullying na rede de educação municipal. Lá, fiquei chocada com os números alarmantes que foram apresentados. Centenas de crianças no mundo todo se suicidaram ou tentaram suicídio após serem vítimas de bullying.
O termo em inglês, sem tradução literal para a língua portuguesa, refere-se a um tipo de violência muito comum nas interações entre pares, especialmente entre crianças e adolescentes nas escolas. São aqueles famosos apelidos: rolha de poço, quatro olho, dumbo, múmia paralítica...Ou, ainda, as agressões aos mais fracos para demonstração de poder e popularidade no meio escolar.
Desconhecia o termo até pouco tempo. Mas o que ele representa eu conheço desde os 8 anos de idade mais ou menos. Nessa época, comecei a engordar e junto com os quilos extras ganhei apelidos pejorativos de toda a ordem.
Decidi sair conversando com as pessoas para descobrir outras vítimas de bullying. Não muito longe de mim, identifiquei o meu pai. Ele e seu irmão eram chamados de Florzinhas na escola (o sobrenome deles é Flores). A minha irmã tinha muito peito, então recebeu o apelido de Parmalat. Minha amiga era a Robocope. E por aí foi.
Entre os famosos, descobri Elvis Presley e Gisele Bündchen. Elvis buscou na música um refúgio para o isolamento que sofreu durante os anos escolares. Gisele foi descoberta durante um curso para melhorar a postura. Ela conta que foi fazer as aulas porque era chamada de saracura e desengonçada por ser muito magra e alta.
No domingo, caminhava na redenção, quando ouvi uma voz a gritar meu nome. Ao olhar para trás percebi que era a menina que me perseguia no colégio. Por causa dela, fui chorando para casa muitas vezes. Senti vontade de caminhar até lá e lembrá-la do mal que causou. Não o fiz. Não sei se adiantaria.
Também notei que ela estava com a namorada, sim ela assumiu a homossexualidade. Será que aquela agressividade toda com as meninas (ela só perseguia meninas) era medo de perder o suposto controle a qualquer momento? Não sei. O que sei é que ela passou de criança agressiva a namorada dedicada, e eu de bebê monstro a rainha estudantil. Vê, estamos todos no mesmo barco.

quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sincericídio


Todos somos apaixonados por alguma coisa, certo? A maioria dos homens é apaixonada por carros. Já as mulheres, por sapatos. Alguns amam matemática, outros, geografia. No jornalismo, tem gente que adora fazer TV, os que não trocam rádio por nada no mundo, e os aficcionados por assessoria de imprensa. Eu sou dos textos. Lá no meu íntimo, sempre soube disso. Mas só declarei minha paixão publicamente há dois dias, durante uma entrevista coletiva de emprego em que a vaga era, pasmem, para assessor de imprensa.

Sei que chega uma hora na vida da pessoa que ela precisa se assumir, mas tinha de ser justo lá? Não dava para mentir só um pouquinho? Parece que desaprendi. Minhas amigas que o digam. Se eu beber, então, ferrou. Que fique claro que eu não bebi nada de álcool nesse dia. Não sei o que me deu, mas desconfio que tem a ver com a dezena de depoimentos que tive de ouvir antes de me pronunciar. Chamar-se Vanessa e não Adriana tem dessas coisas.

Duvido que todas amem ser assessoras, aposto que estavam mentindo. Pois foi o que disseram: - Eu já trabalhei em veículo, mas o que gosto mesmo de fazer é assessoria de imprensa, comentou a primeira.
- Desde o início da faculdade eu trabalhei com assessoria. Até tentei fazer reportagens para rádio, mas não tem jeito, a assessoria me persegue, disse a outra.
Acho que foi nesse momento que comecei a devanear. Me nego a acreditar que só eu ali não era apaixonada pela área. Quando retomei a atenção aos depoimentos, a frase era a seguinte: - Eu também sou viciada na cachaça.
- Ah, para!
Não que eu não goste da coisa, juro que não é isso. Fui uma assessora de imprensa bem feliz durante quase sete anos. Confesso que curtia mais produzir reportagens sobre saúde e bem-estar para a revista da Instituição, mas eu sempre fiz o meu trabalho direitinho.
Voltando a entrevista: Quando finalmente chegou minha vez de falar, as palavras voaram de minha boca: - O meu barato é texto. Falei bem assim: “barato”, no sentido conotativo da palavra. Claro que depois desse sincericídio, perdi a vaga. Quer saber? Nem queria.
Não conquistei o emprego na assessoria de imprensa do renomado clube da capital com trocentos anos de tradição, mas tenho quase 30 e descobri a minha cachaça, digo, o meu barato.

quinta-feira, 7 de maio de 2009

Fui com as amigas para a balada!



Os homens que nunca duvidem da cumplicidade feminina. Prova disso são mulheres dançando em grupo em uma balada. Já repararam? Elas dançam umas com as outras. Nem percebem os marmanjos que babam na volta. Divertem-se a valer, bebem whisky com Red Bull e não ligam pedindo para voltar.
Minha amiga veio de São Paulo para conversar com o namorado, mas, inexplicavelmente, ele não quis. Inexplicável porque ele era apaixonado. Todas podíamos notar. Eu bem que tentei defendê-lo, dizer que os homens precisam de mais tempo para pensar e tal. Mas marcar e não aparecer? Isso não tem defesa!
A partir daí começaram as surpresas da noite. Minhas surpresas. A primeira foi com a reação dela. Nenhuma lágrima escorreu de seu rosto. O meu estaria inchado até agora. E o comentário: -Esse não serve para mim.
- Mas ele não tem nenhuma chance mais? Nenhuminha? perguntei
- Não, eu fiz tudo o que estava ao meu alcance, respondeu enfática.
- Aonde nós vamos hoje, gurias? Perguntou ela, já recomposta.
Pensei que quisesse ir para casa ver um filme romântico, comer sorvete de chocolate e comentar os erros do relacionamento. Talvez essa fosse a minha opção.
Nada disso, ela queria ir para a balada. E lá fomos todas nós.
Éramos seis ao todo. De todos os tipos: morenas, loiras, com peitão, sem peitão, com luzes, com brilhos, muitos brilhos. Eh ótimo sair com amigas lindas, não tem uma viva alma que não olhe. Mas nesse dia éramos mais que isso. Éramos cúmplices. Cúmplices de um telefone que não tocou, de algo que não foi dito.
A segunda surpresa veio logo que chegamos na balada. Avistei o meu ex a poucos metros de mim. De nada adiantaram as tentativas de fuga durante a semana para não encontrá-lo em algum restaurante almoçando. Sim, nos conhecemos próximo ao trabalho. Pensei em xingar e esbravejar mais um pouco. Ele bem que merecia, mas eu não. Estava ali para me divertir. Alguém se encarregou de xingá-lo por mim. Parece que a acompanhante não gostou muito dos olhares que o moço lançou em nossa direção.
Minhas amigas e eu seguimos dançando descompromissadamente. Lá pelas tantas, veio a pergunta:
- Heteros, ou homos?
- Cúmplices!

quarta-feira, 6 de maio de 2009

Vanessas


Quando uma mulher muda de estado civil, país, peso, ou idade...geralmente muda algo na aparência também. As noivas, por exemplo, emagrecem e tomam sol antes de casar. Sei lá se eu sigo essa regra. Eu nunca casei! Mas já mudei de país. Quando fui morar em Toronto, levei alguns casacos que usava raramente no Brasil, queria mudar o visual. Continuei usando raramente no Canadá.
Para ingressar nos 29, decidi cortar as madeixas:
- Pode cortar sem pena, declarei!
- Oba, vamos começar diminuindo o comprimento, meu cabeleireiro-amigo-confidente comentou empolgado.
- Acha que vai ficar bom? - Relaxa, Vanessas. Vai ficar ótimo
- Vanessas?
- Acordei assim hoje, no plural.- Ah, tá. Entendi.
O que nunca entendi é por que o meu cabelo era cacheado e o da minha irmã liso? Quando eu era criança, costumava pedir cortes de cabelo iguais aos dela. Achava que assim o meu ficaria liso também. Nunca deu certo. Acho até que essa ideia de mudar os cabelos em ciclos é dela. E sim, agora estou me lembrando. Teve início quando ela terminou com um namorado chato e decidiu cortar o cabelo bem curtinho só porque ele não gostava. De lá para cá, ela sempre aparece com cabelos totalmente novos em seus aniversários, volta de férias e qualquer outra ocasião importante que ela tenha elegido de última hora.
Para ser sincera, faz tempo que o meu corte de cabelo não varia muito. Descobri alguns que me agradam, e passei a transitar entre eles. A mesma regra para os esmaltes, botecos, escritores, músicas e bebidas. Tenho as minhas preferências e dificilmente mudo. Demora até eu acrescentar algo novo na lista.
Ops...me perdi. Em que momento do passado eu deixei de ser um plural? Costumava ser igual a minha irmã. Ou, pelo menos, tentava.

Quase 30!


Costumo dividir as pessoas em dois grupos: As que gostam de fazer aniversário e as que não gostam. Tem gente que fica programando meses antes a roupa que vai usar, restaurante para jantar com o amado, quem convidar.Festas diferentes para convidados diferentes, ou um cruzeiro para solteiros? Um sem fim de questionamentos. Fico cansada só de pensar. Tem outros, como minha ex-sogra, que detestam. Descobri isso quando fui abraçá-la pelo aniversário e seus os braços nem se mexeram.

Eu sou daquelas que espera que façam tudo pra mim. Até o último minuto eu penso que estão armando uma grande surpresa, que eu só devo chegar e celebrar. Mas quase nunca é assim. Para ser sincera só foi assim uma vez, nos meus 15 anos. Isso depois de eu repetir diversas vezes que adoraria ganhar uma festa surpresa, que nem foi tão surpresa, porque eu percebi tudo antes.

Dessa vez, prestes a completar 29 anos, queria fazer algo diferente. Mas o que exatamente? Não sabia. Só não queria aquelas festinhas com pessoas que nem são tão íntimas e falam trivialidades só para não serem surpreendidas pelo silêncio constrangedor.

Um dia antes marquei um almoço com as amigas mais próximas. Depois que algumas casaram e tiveram filhos, não necessariamente nessa ordem, ficou difícil marcar coisas à noite. Mas o que eu queria fazer mesmo descobri dias antes, quando passava em frente a um outdoor. Um day spa. Como um dia inteiro de estética não cabia no meu orçamento, marquei uma tarde.

Saí do almoço esbaforida para não perder nenhum minutinho de minhas horas de relaxamento. Fui recebida com chás afrodisíacos e massagens com velas aromáticas. Nem deu tempo de explicar que não teria nenhum sortudo me esperando ao fim do dia para usufruir o bem que as especiarias me fariam. Decidi que em caso de não resistir mais, ligaria para o ex. Suportei bravamente a tentação e dediquei aquela tarde de cuidados afrodisíacos a mim mesma.

Quando cheguei em casa, churrasco, bolo e balões me esperavam. Gostei, montaram tudo para mim. Felizmente, a minha mãe entendeu que apesar de eu gostar das amigas dela, elas continuam sendo amigas “dela” e não convidou ninguém. Completei o meu dia de prazeres saboreando o churrasco que meu pai preparou pra mim.
Os figurantes não fizeram falta. Para ser sincera, nem percebi a ausência deles. Recebi ligações diretamente da Irlanda, de Pernambuco, de São Paulo, daqui mesmo, e todas muito preciosas. Atos de verdade, cheiros de verdade, gente de verdade. O aniversário em que não esperava nada foi tudo para mim. Estava esvaziada para finalmente receber.