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quinta-feira, 14 de maio de 2009

Sincericídio


Todos somos apaixonados por alguma coisa, certo? A maioria dos homens é apaixonada por carros. Já as mulheres, por sapatos. Alguns amam matemática, outros, geografia. No jornalismo, tem gente que adora fazer TV, os que não trocam rádio por nada no mundo, e os aficcionados por assessoria de imprensa. Eu sou dos textos. Lá no meu íntimo, sempre soube disso. Mas só declarei minha paixão publicamente há dois dias, durante uma entrevista coletiva de emprego em que a vaga era, pasmem, para assessor de imprensa.

Sei que chega uma hora na vida da pessoa que ela precisa se assumir, mas tinha de ser justo lá? Não dava para mentir só um pouquinho? Parece que desaprendi. Minhas amigas que o digam. Se eu beber, então, ferrou. Que fique claro que eu não bebi nada de álcool nesse dia. Não sei o que me deu, mas desconfio que tem a ver com a dezena de depoimentos que tive de ouvir antes de me pronunciar. Chamar-se Vanessa e não Adriana tem dessas coisas.

Duvido que todas amem ser assessoras, aposto que estavam mentindo. Pois foi o que disseram: - Eu já trabalhei em veículo, mas o que gosto mesmo de fazer é assessoria de imprensa, comentou a primeira.
- Desde o início da faculdade eu trabalhei com assessoria. Até tentei fazer reportagens para rádio, mas não tem jeito, a assessoria me persegue, disse a outra.
Acho que foi nesse momento que comecei a devanear. Me nego a acreditar que só eu ali não era apaixonada pela área. Quando retomei a atenção aos depoimentos, a frase era a seguinte: - Eu também sou viciada na cachaça.
- Ah, para!
Não que eu não goste da coisa, juro que não é isso. Fui uma assessora de imprensa bem feliz durante quase sete anos. Confesso que curtia mais produzir reportagens sobre saúde e bem-estar para a revista da Instituição, mas eu sempre fiz o meu trabalho direitinho.
Voltando a entrevista: Quando finalmente chegou minha vez de falar, as palavras voaram de minha boca: - O meu barato é texto. Falei bem assim: “barato”, no sentido conotativo da palavra. Claro que depois desse sincericídio, perdi a vaga. Quer saber? Nem queria.
Não conquistei o emprego na assessoria de imprensa do renomado clube da capital com trocentos anos de tradição, mas tenho quase 30 e descobri a minha cachaça, digo, o meu barato.

Um comentário:

  1. ô Vanessa!

    Olha só o que eu descobri,isto é uma técnica em entrevista, sério:
    Mesmo que vc fale "barato" ou q tem medo de barata ou que não sai do bar por causa desta cachaça que te barateia...whatever...
    Vc precisa pronunciar o nome do seu interlocutor duas vezes nos primeiros 15 seg e nunca falar mais que 30 seg de cada vez. o cérebro registra isso tchê! Não é um barato?

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