Dois livros em quatro dias e a euforia me tirou o sono. Vivi dias intensos. Foi um misto de ansiedade, pela reação das pessoas, e vaidade, pela coragem de me expor. Escritora estreante tem lá seus medos.
-Será que vão gostar?
- Melhor nem ler novamente para não achar erros. (As vozes internas estavam a mil).
Mas, entre uma insegurança e outra, chego ao final do domingo orgulhosa de mim. No começo não sabia direito o que escrever no autógrafo e, muito menos, como assinar. Vanessa Bueno me pareceu tão formal para um livro de crônicas que muito tem de minha intimidade. E lá parti eu para a minha assinatura habitual: com um beijo da Vá.
Na escola, sempre que perguntavam meu apelido e eu respondia Vá, imediatamente ouvia: Vá aonde?
Achei a resposta: Onde o coração me levar. Nossa, isso parece meio brega. A Leca diria que sim. Agora dei para ser brega. Ou já era e não percebia. Não importa. O que importa mesmo é a decisão, tomada há alguns dias, de seguir a voz do coração.
Foi ela que me disse para recusar o convite para assumir uma assessoria de imprensa. Foi ela que me disse para aceitar o convite para um chope na Paulista. Ah, a Paulista. Caminhei nesta imponente avenida por estes dias. Sinto um inexplicável prazer quando passeio por suas calçadas. Algo como uma liberdade desafiadora. Um convite para desbravar o mundo. E as pessoas que transitam por lá têm muito disso. Seus rostos denunciam a origem de várias partes do Brasil, quiçá do mundo. Parecem em busca de um algo a mais. Os passos apressados denunciam que em São Paulo a velocidade é outra.
Até a velocidade com que o garçom repõe o chope na mesa é outra. Você nem precisa pedir: antes de tomar os últimos dois dedos da bebida que está em seu copo, o camarada do bar chega com um chope novinho em folha para repor. É uma espécie de ‘mimo’, que os paulistas desenvolveram para driblar a concorrência acirrada da cidade. Considerando que sou fã assumida de botecos, concordo plenamente com a atitude.
Os gestos de atenção também me dispertaram para um ‘encantamento’, manifestado a partir de uma conversa (despretensiosa) no avião outro dia. E mais uma vez lá vêm as vozes internas interferirem na paz da minha consciência.
- Escreve para ele.
- Mas...
- Não é você que quer seguir a voz do coração?
Os meios de 2014
Há 11 anos
Segue a vozinha sem medo, ela não mente jamais!
ResponderExcluirE se mentir pense: fui eu que não entendi certo.
Vozes internas, conversa despretensiosa, chope...vai que não dá nada!
Bj amiga escritora, te amo!
Escreve sim. Tenho certeza que ele vai gostar. E retribuir. E tomar outro assento de avião. Com um motivo nada a ver com o profissional desta vez...
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