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sexta-feira, 25 de dezembro de 2009

As festas de fim de ano nunca mais foram as mesmas

Como de costume, Mariana aproveitou o seu turno no amigo secreto para dizer algumas palavras. A primeira vez que tomara essa atitude, anos atrás, suava frio. E se eles não gostarem?, pensava ela. A família não tinha o hábito de fazer orações ou agradecimentos no Natal. O que pensariam de uma adolescentes que escreveu algumas palavras de otimismo e gratidão? Não sabia. Dobrou e desdobrou o papel que carregava por diversas vezes. Temia as caras de desaprovação. Primeiro pensou em falar antes da ceia, mas as mãos em direção ao arroz à grega e ao peru eram tantas, que julgou inconveniente pedir um minuto de atenção naquela momento. Até porque seriam ao menos uns cinco. Isso se ela lesse rápido. O que não era seu hábito. Sempre gostou de interpretar os textos. Mas aquela era a primeira vez que elaborara um escrito de Natal. Já havia lido umas 10 vezes para ter certeza de que não entediaria os ouvintes. E foi em frente, meio sem graça no começo, mas confiante após as primeiras reações. Depois daquele ano, sua fala já era esperada. Agora, de tão confiante na aceitação de seus discursos, já os levava, dobrados como uma cartinha, para entregar a cada um dos familiares após a leitura. Nesse Natal ela não imprimiu texto algum. Nem mesmo seu original. Não estava disposta a falar. O ano havia sido difícil, ela estava descrente. Novos núcleos familiares já haviam se formado. Quando chegou perto de sua vez, começou a indecisão. Falar ou não falar? E falou. Porque não consegue ficar muito quieta mesmo.
- Lá vai, disse a si mesma.
- O negócio é o seguinte: Não preparei nada, mas gostaria de dizer algumas palavras. Alguém se opõe?
No fundo ela tinha certeza de que ninguém seria contra, não por achar que eles gostassem de seus comentários, mas porque sabia que ninguém estragaria a paz daquele noite.
- Desejo que cada um seja o que quer ser e faça o que realmente tem vontade. Basta de um Natal de faz-de-conta em que ficamos onde não queríamos estar e dizemos o que não queríamos dizer. Estão todos liberados.
Nesse momento os familiares se olharam espantados. As falas de Mariana sempre geravam certo constrangimento. Cinco minutos se passaram, até que alguém se levantou e pediu a palavra. Disse ele:
- Vocês são minha família, eu amo vocês, mas estou perdidamente apaixonado por uma mulher maravilhosa, que não me sai do pensamento, e eu acabei de ter a certeza de que é ao lado dela que quero estar no Natal dos próximos 20 anos.
O que aconteceu com ele e a tal mulher maravilhosa ainda não é do conhecimento de Mariana, mas as festas de fim de ano nunca mais foram as mesmas!

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