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quarta-feira, 9 de setembro de 2009

Tempo de prova

Prestar concurso público sempre me faz pensar que terei mais tempo, caso passe. Mais tempo para escrever crônicas, namorar, me divertir...para o que realmente interessa, resumindo. Talvez esse pensamento seja um ledo engano, vai saber. Só sei que mesmo agora, no momento da prova de seleção, me sobram horas. Será um sinal?
Quando entrei na sala, vi gente de todos os tipos. Minha concepção de mundo me levou a definir alguns estereótipos. Vamos lá:
Aquela menina com casaco do Grêmio deve ter estudado pouco. Provavelmente foi ao jogo do time durante a semana, dormiu tarde e acordou sem voz. Não foi trabalhar porque ficou gripada devido ao frio que fazia no Olímpico aquele dia. Tão pouco conseguiu estudar, pois não foi capaz de sair da cama, tamanha a febre e dor no corpo. Ótimo, uma concorrente a menos. Eu ficaria feliz, não fosse pelo fato da fila do lado estar prestando prova para o cargo de contabilidade, o que não é meu caso.
Outro tipo que me intriga é aquele sujeito lá da do fundo à esquerda. Ele estava cabisbaixo quando cheguei, parecia dormir. Será que ele veio virado da balada? Passou a noite chorando pelo fim de um namoro? Ou estava rezando para algum Santo ajudá-lo com a prova? A camiseta com os dizeres ‘Jesus te ama’ aponta para a alternativa três.
A fiscal de sala é uma dessas alemoas bem alimentadas aqui do Rio Grande, sabe?
Seus cinquenta e poucos anos e a cara de ranzinza indicam que não faz sexo há meses, talvez anos. Será que também é religiosa?
Será que ainda falta muito para eu ir embora?
Eu já podia ir, mas quero levar o caderno com questões. Preciso me inspirar. Será que deveria recordar minha última cena de sexo? Melhor não, caras e bocas não seriam convenientes por aqui.
Pensar em como seria minha vida de assessora de imprensa no Rio de Janeiro, caso passe nesse concurso? Mas a psicóloga disse para viver o presente. No presente minha bunda está dura e o espaço para escrever acabou. É tempo de prova. Tempo de provar para mim mesma que aguento duas horas conversando com minhas vozes internas.
Tive uma ideia.
-Vozes, estão aí?
- Vamos brincar de música?
- Música?
- Sim, eu digo uma palavra, e vocês cantam uma música. Mas tem que ser baixinho para não atrapalhar meus concorrentes. Combinado?
- Começamos agora. Casa, sexo, amor, liberdade, cama....
- Muito rápido?
- Se virem, estão fazendo isso comigo há anos

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